Rede de Saúde Verticalizada. Você sabe o que significa?
- Gui Garlipp
- 26 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de jul. de 2024
Uma breve reflexão sobre a rede de saúde verticalizada e porque algumas operadoras estão migrando para este modelo operacional
Conceitos e Vantagens de Uma Rede de Saúde Verticalizada
Um sistema de saúde verticalizado integra financeiramente e operacionalmente as diferentes etapas do atendimento, desde a prevenção até o tratamento, incluindo hospitais, clínicas e laboratórios, permitindo melhor controle de custos, qualidade e continuidade dos cuidados. Ou seja, o Plano de Saúde, Seguradora ou Convênio, como preferir, é dono de toda a rede de atendimento ou quase toda.
A gestão da saúde é um desafio complexo que envolve não apenas o cuidado com os pacientes, mas também a administração de recursos e custos. Nesse contexto, o conceito de rede de saúde verticalizada vem ganhando destaque por suas vantagens em sinistralidade, gestão de carteiras de clientes e controle de operação.
De uma forma simples, se o Plano de Saúde é proprietário dos hospitais, laboratórios, diagnósticos por imagem, etc, não depende ou quase não depende de parcerias, o que minimiza a relação de interesse comercial de compra e venda de serviços de saúde.
Sinistralidade e Eficiência Operacional
Sinistralidade é o índice que mede a relação entre o custo dos serviços prestados e os valores arrecadados com as mensalidades dos planos. Quando há um desequilíbrio, seja por aumento nos custos dos serviços ou por ineficiências operacionais, esse índice sobe, impactando negativamente a sustentabilidade financeira das operadoras de saúde.
Em uma rede de saúde verticalizada, a operadora não apenas financia o atendimento, mas também o fornece, integrando hospitais, clínicas, laboratórios e outras unidades de saúde. Essa integração permite uma gestão mais eficaz dos recursos, evitando desperdícios e melhorando a qualidade do atendimento. A verticalização facilita o acompanhamento contínuo dos pacientes, permitindo intervenções preventivas e reduzindo a necessidade de procedimentos de alto custo.
Com uma rede verticalizada, é possível adotar protocolos de atendimento padronizados e orientados por evidências, reduzir a frequência de exames desnecessários e otimizar as internações hospitalares. Esses fatores contribuem significativamente para reduzir a sinistralidade, uma vez que o controle rigoroso e coordenado dos serviços prestados resulta em custos mais previsíveis e gerenciáveis.

Diferença Entre Carteira de Clientes Pessoa Física e Jurídica
Outro ponto crucial que difere entre as redes tradicionais e as verticalizadas é a gestão das carteiras de clientes. Uma carteira de clientes pode ser composta por pessoas físicas, com planos individuais ou familiares, ou por pessoas jurídicas, com planos coletivos empresariais e a diferença principal aqui é a regulação pela ANS (Agência Nacional de Saúde), que estabelece normas de monitoramento e qualidade e exclusivamente para os planos pessoa física estabelece os limites de reajuste de preços para os clientes.
Para clientes pessoa física, os planos individuais ou familiares geralmente apresentam um risco maior de sinistralidade devido à menor diluição dos custos entre os segurados. Cada evento de saúde impacta diretamente a operadora, tornando o gerenciamento de riscos mais complexo. A verticalização, entretanto, permite um monitoramento mais próximo da saúde dos beneficiários, facilitando a implementação de programas de promoção de saúde e prevenção de doenças que ajudam a mitigar esses riscos.
Já os planos coletivos empresariais, por sua maior base de segurados em comparação aos planos individuais, conseguem diluir melhor os riscos. Empresas podem adotar programas integrados de saúde, promovendo hábitos saudáveis entre os funcionários e reduzindo as taxas de sinistralidade. Uma rede verticalizada pode oferecer vantagens adicionais, como a personalização de cuidados e maior flexibilidade na negociação de coberturas e preços, ajustando-se melhor às necessidades da empresa contratante.

Fusões, Aquisições e o Futuro da Saúde
A maioria dos convênios de saúde não verticalizados está enfrentando problemas graves de sinistralidade e controle de contas. Isso se deve, em grande parte, à fragmentação dos serviços e à falta de coordenação eficiente entre diferentes prestadores. Para enfrentar esses desafios, muitas operadoras estão buscando fusões e aquisições como uma estratégia de verticalização.
Ao adquirir hospitais, clínicas e outros serviços de saúde, essas empresas visam obter maior controle sobre toda a cadeia de cuidados, desde a prevenção até o tratamento de condições críticas. A verticalização permite uma gestão mais centralizada e eficiente, melhorando a utilização de recursos e promovendo a sustentabilidade financeira.
Em conclusão, a verticalização apresenta várias vantagens frente aos desafios atuais do setor de saúde. A integração dos serviços permite um controle mais rígido dos custos, uma melhor gestão da sinistralidade e uma abordagem mais preventiva e coordenada dos cuidados de saúde. Enquanto a fragmentação e a ineficiência continuam a pressionar os modelos tradicionais, a tendência de verticalização surge como uma solução promissora para garantir um atendimento de alta qualidade e financeiramente viável a longo prazo.
Comments